"Mvsa mihi cavsas memora"

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Análise Comparativa entre Poesia Antiga e Moderna
Odeio e amo (Caio Valério Catulo)

"Odeio e amo. Perguntarás como isso possa ser.
Não sei, mas sinto-o, e é um tormento.
É como um vazio devorador
Um simples toque de luz devorador"
Música “Quase um segundo” - Cazuza

" às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pelos, teu rosto, teu gosto, tudo
Que não me deixa em paz"

Segundo Paul Veyne, os poemas antigos não são tão intensos quantos os atuais. Para ele a intensidade dos versos modernos soa mais autêntica dando um ar mais forte de sinceridade para quem lê, e, por esse motivo, pode-se sentir certo tédio quando lemos uma poesia mais antiga, pois que não nos causam tanto impacto quanto as contemporâneas.
  Na música “Quase um Segundo”, o compositor Cazuza mostra uma desilusão amorosa usando uma estética diferente da usada por Catulo em seu poema. A estética da música nos da a impressão de que o poeta sofre sozinho, passa individualidade. O leitor/ouvinte acompanha a história de fora. Assim como nos diz Veyne, em “Epílogo”, que o autor se recolhe em si mesmo.
  A profundidade dos sentimentos de Cazuza é transmitida por seus versos. Quando diz “às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais” mostra que seu amor 'morre' e ‘renasce’ mais intenso que antes. Diferente de Catulo que também renova seu amor nos verso, em “Odeio e amo”. “Perguntarás como isso possa ser”, mas sem a profundidade que a música sugere.
  Considerando as idéias de Veyne, podemos dizer que os poemas modernos são mais intensos e seu amores mais fortes, porque, afinal, "nós conhecemos as poções mais poderosas".

                                          (Letícia Barcellos)

3 comentários:

  1. Como você disse, a letra da música de Cazuza nos passa mais sinceridade do que a poesia de Catulo. Isso se deve a estética da intensidade, pois, como você mesma enfatizou, quando Cazuza diz "às vezes te odeio por quase um segundo / Depois te amo mais" essa mistura de sentimentos intensos e opostos como amor e ódio, da maneira como Cazuza os coloca, nos dá uma ideia de que o que está sendo dito é "sincero", mesmo não sendo verdade. Como Catulo simplesmente diz "Odeio e amo.", não nos passa essa emoção justamente pela falta de intensidade.
    Muito boa escolha para comparação!

    Jéssica de Oliveira da Silva

    ResponderExcluir
  2. Concordo com o que Jéssica disse.Realmente a música de Cazuza, é mais profunda, utilizando a estética da intensidade de Veyne, porém digno de helogios, fica mais fácil observar isso nele, Cazuza, enquanto artista,por si só, já é intenso.Suas músicas são profundas, o que torna a comparação muito significante com Catulo que apenas diz: "Odeio e Amo", nessa dualidade de amor e ódio.





    Jaqueline Rocha.

    ResponderExcluir
  3. As ideias teóricas foram muito bem aplicadas tal como o diálogo entre os poemas muito bem analisados, mas senti falta de um aprofundamento. Por serem escolhas muito boas e terem semelhanças muito evidentes a analise poderia ter sido mais minuciosas. Entretanto isso não fere a qualidade do trabalho, que, por sua vez, teve uma excelente temática.

    Nathália Carvalho

    ResponderExcluir

Agora é com você: