Caio Valério Catulo
ODEIO E AMO
“Odeio e amo. Perguntarás como isso possa ser.
Não sei, mas sinto-o, e é um tormento.
é como um vazio devorador
um simples toque de luz encantador
não vejo nada
de tanto
iluminar, abdicar, dar, amar, ofuscar o sublime
com a sua própria face – só a luz.
[ Há noites em que as estrelas mudam
Sorrateiramente de lugar, fazendo desvios
rápidos. Escrevem no céu traços de luz que
só devem ser vistos por uma pessoa
de cada vez.]
Calor que aleija ao andar na ilusão
A luz que ainda não me deixa ver!
é preciso fechar os olhos para criar a pálida alma só
no deserto, caminhando entretida a contar os grãos de areia
impedindo a noite de se fazer negra e fria. “
Essa idéia de contradição entre o amor e o ódio inserida da poesia, seja pelo amor seja pela dor...
Tanto o poema de Catulo quanto o poema de Drummond vão tratar do amor exagerado, num aspecto intenso. O poema de Catulo trata de uma dualidade entre os sentimentos, e poema de Drummond o amor sem mais medidas é como algo que se dá, o amor para os poetas
modernos serão uma experiência muito importante. Os dois poemas tratam o sentimento como algo profundo.
Segundo Veyne, o gosto pela intensidade nos poetas modernos garante a autenticidade, faz do poema algo mais sincero, e ainda afirma que a poesia antiga nos causa tédio.
Os poemas modernos procuram buscar conceitos referentes à estética da intensidade, causando um impacto no leitor, buscando a originalidade.
No trecho abaixo vamos retratar sobre isso:
“Eu te amo porque te amo...”
“Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.”
e a regulamentos vários.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Nesse trecho do poema de Drummond, percebemos a idéia de que o amor é algo que se dá de forma sucinta, não tem explicação...
Paul Veyne afirma que a poesia nos últimos séculos está vinculada a uma intensa ostentação de imagens, onde as emoções intensas são traduzidas por imagens, como a revolução da sensibilidade na profundidade.
Essa profundidade se explica pela renúncia à clareza o autor, ele não tem mais necessidade de deixar totalmente claro a sua idéia. Essa é proposta. Tornando o poema assim mais intenso. O amor passa a ser apreciado por si mesmo e não pelo seu objeto. Mas no poema de Drummond vemos um amor exagerado, algo que foge de qualquer regulamento.
É o que podemos ver no poema de Drummond:
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Jaqueline Rocha
Nos dois poemas vemos a questão da ambiguidade que ainda persiste nos poemas modernos. E a intensidade da paixão a relação de amor e ódio que há em uma paixão; o que seria do amor sem o ódio? Podemos dizer que parcialmente uma coisa leva a outra.
ResponderExcluirComo vemos em Paul Veyne nossa estética tão particular estragou-nos o paladar para quase todo a poesia antiga... é preciso um poema como o de Drumond para podermos enxerga hoje como a paixão é avassaladora pois para nós os "modernos" o poema de Catulo nos soa como um poema "velho".
Victor Gonçalves
CATULO SE UTILIZA DA DUPLICIDADE DE SENTIMENTOS EM SUA POESIA COMO UMA ARMA, PARA CAUSAR UM ESTADO DE RÉS A SUBLIME, POR VEZES NUMA MESMA INSTÂNCIA TEXTUAL.O POETA DARDEJA MANIACAMENTE POR TODOS OS PÓLOS DE SUA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA.CARLOS DRUMOND,O MAIOR POETA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO, LIVRE DE PRECONCEITOS, ACENTUA A TEMÁTICA AMOROSA NUM LIRISMO CONTIDO.
ResponderExcluirDÓRIS DE C. MONTEIRO